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Untitled#4 - Sigur Rós
Untitled#4 - Sigur Rós
Tua ausência me inaugura...
Tua ausência come minhas madrugadas, devora minhas estrelas, engole meu querer.
Tua ausência corta minha face e cega meus dias. Esvazia as gavetas. Tira-me o chão e a cama e o travesseiro. Tua ausência arranca meus vestidos, mancha meu lençol, escorre líquida pelo meu corpo, desespera minha pele em solidão.
Tua ausência encolhe meus lábios, anestesia minhas palavras, fecha as mãos. Tua ausência atravessa a rua e vira uma esquina. Entra em algum bar e embebeda a razão. Tua ausência me rói. Tua ausência cai, desfalecida e desmaiada. Em mim só habita tua ausência.
Tua ausência impera e se espalha em tudo. Corrói os vãos das portas. Abre fendas no espaço. Vira-se em sombra trêmula remexendo as paredes. Cala os timbres roucos que me causa. Tua ausência se emudece e me esquece. Tua ausência me despe, destrói minha fantasia. Rasga minha carne, sangra meus olhos, quebra meus ossos e desfaz-se em cacos em que eu piso. Tua ausência aniquila o meu existir, embota o meu gozo, rouba-me os êxtases. Amputa os meus pés, atrofia minhas mãos, anestesia minha boca,minha língua, minhas pernas e meu sexo.
Tua ausência desacelera o meu tempo, paraliza meus ponteiros, imobiliza as bússolas. Tua ausência sabota o meu cérebro, confunde os caminhos, faz-me perder o rumo. Tua ausência me cega, me ensurdece, me anula. Esconde os rastros. Desvia os olhos. Entra pelos buracos das portas, pelas frestas nas paredes. Vaza das entranhas das coisas. Rasga os esboços. Resseca as tintas. Embolora a pintura. Tua ausência dói e enferruja o meu sentir. Tua ausência me escapa e me ignora... cruel e dolorosamente.
Tua ausência desfunciona tudo.
Tua ausência nem se importa! Se esconde onde eu não chego. Me apunhala, me amarra, me submete. Tua ausência me escraviza, me priva, me tira tudo... me adormece os sentidos.
Eu não te alcanço mais. Tua ausência se afasta e se cala. Tua ausência foge, sempre.
Tua ausência me abandona e me deixa. Pega um avião e parte. Sem volta.
Tua ausência me finda.
Por Van Luchiari ₢
25 MIL RECADINHOS:
Cacilda! Isso é que é uma ausência realmente sentida!
Bjoooooo!!!!!
esplêndido!
Belas escolhas de palavras
E o titulo é o melhor!
A ausência, essa que se faz implacavelmente presente para negar a companhia tão amada!
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Lerdo em Surtar
http://heitor-caolho.blogspot.com/
Oi Van,
Belos paradoxos, talentosas dialéticas. Grazie tanto.
Baccio
Querida Van, tu és especialista em dar sentido original às mais diversas expressões, muitas vezes dando uma conotação contrária do que comumente se entende. Mas essa contradição é apenas aparente porque as coisas nem sempre são o que aparentam na primeira observação.
Neste texto lindo tu me apresentou a ausência mais presente que se tem notícia.
Beijão.
Essa ausência dói, dói muito. Belas palavras e sentimento à flor da pele: em cada fio dela.
curti vum!!!
BILL
Beijucas querido. Que bom que agora você está conseguindo ler direitinho. ;) Mudei o blog por tua causa.
MALDITO
Muuuuito obrigada, querido. =)
MAGO
Ela é cruel essa tal de ausência, né? O jeito é fazer poesia...
ALL
Bom você aqui, viu All? Beijucas
FERNANDO
Essas ausências são as piores, as mais sofridas. Essas que são mais presentes que a própria falta.
Beijucas
TEU
Dói. Dói muito. =(
WAGNER
Obrigada pela visita, moço. Ainda descrubro o quê ou quem é "vum".
;) Beijucas
Essas ausências que são uma presença...
B.E.I.J.O.S
Nossa... alguem esta realmente te fazendo falta... espero que por pouco tempo... hehehe
Beijos Mila
BIANCA
Pois é. São as que mais dóem.
Beijucas, lindeza!
MILA
Óóó, você por aquiii! =)))))
Beijucas querida.
Está tristemente lindo.
Ausente e forte.
Te amo.
João
P.S. fiquei pensando no futuro, na minha ausência, doeu um pouco. Uma pequena facada em mim. Não me deixe ausente, não. Não posso desse jeito.
Esta ausência é uma forte presença, sentida e sofrida. Belo texto Van. Um beijo.
JOÃO
Também te amo. Jamais te deixarei. Você sabe disso. Nós somos inseparáveis. E sempre seremos.
Segunda tô aí!!!!!! =)))))))
GRAÇA
Sentida e sofrida bem dentro. Uma ausência quase eu.
Beijucas querida.
Amei!
E adorei os poemas também!
Vou filosofar por aqui pois estou adorando seu cantinho!
Bjuxxxxx
Belo texto, Van! :) Parabéns! Uma ótima semana para você! Bjos!
Van querida, mais uma vez atingiu-me.
Perfeito.
http://desabafos-solitarios.blogspot.com/
tudo bem que ando sumido mas não precisava exagerar risos
Van!
Gosta do ze do caixao?
Estreiou o filme dele!
E a intensidade continua não é?
Aliás, ela cresce, e cresce.
Quem estava ausente era eu, mas voltei.
Abraço Van!
A música me disse mais que o texto, por outro lado penso que a ausência é só física pois espiritualmente e sentimentalmente percebe-se toda presença.
Beijo, Van
JUNE
Fica à vontade, querida. Um prazer te receber aqui também. Beijucas
CLÉCIA
Brigadinha, lindona. =)
BILL
E mais uma vez, obrigada! Você sempre é uma gentileza.
RICK
Sumiu mesmo heim? saudades.
GUIZAUM
Cê querdita que nunca vi nenhum? kkkkkk Vamos ver se vou nesse.
ÍGOR
Intensidade sempre! Que bom que voltou. Senti tua falta. Beijucas
PAULO
A música é linda não é? A ausência a que me refiro é a ausência de possibilidades, eu acho. Quando aquilo que queremos está lá longe, inatingível. Porque mesmo presente fisicamente, as pessoas e as coisas podem estar ausentes. Beijucas
Esta é uma espina que nos mesmos nos cravamos, sadicamente... por que não nos atemos ao que fica, e não no que se vai?
...hehehe, se eu pudesse responder tal coisa, não me doeria também a ausência de quem eu nem queria que estivesse por perto... quem nos fez humanos deveria ter nos fornecido um manual à respeito destas situações...
...mas, porra... Sigur Rós! Sabia que o bom gosto era uma de tuas qüalidades, mas não deixas de me surpreender...
Eu sinto assim também, Van. Sinto e quase sempre dói. Beijossss
MESTRE
Bom é assim. Surpreender você sempre. Assim você tem sempre motivos pra voltar.
Beijucas amore.
PATTY
E como dói.
=((((( Um dia aprendemos a lidar com isso. Beijucas
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