
I Still Haven´t Found What I´m Looking For - com Van Luchiari & Mahalîlla
Tanto que eu já quis desistir de mim. Desistir das palavras, das rimas, dos encontros, dos amores, dos pulsares, das entregas. Tanto que já esperei e desejei não mais esperar, não mais essa vontade de ser outra, de ser mais, menos, de ser algo além disso: esse nada que sou. Quis desistir até das catatonias e letargias... das pequenas mortes diárias que me assolaram por tempo demais.
Já pensei em desistir da coragem, da ousadia, das janelas abertas, do coração escancarado, dos espelhos intactos refletindo meus olhos.... dessa fragilidade que eu trago em mim, tão disfarçada de muralha, tão ilusória fortaleza. Sim. Já quis. Tanto tanto.
Já pensei em desaparecer, nunca mais ser vista, lida, ouvida. Tornar-me invisível. Tão invisível quanto me sinto tantas vezes. Evaporar, evanescer. Ah, como seria rápido. Ninguém notaria.
Sim. Já pensei em fechar todas as portas, asfixiar os desejos, trancafiar a intensidade e o erotismo do qual me acusam. Esse erotismo que tanto me alimenta mas confunde e mistura tudo aos olhos dos outros. Deixar de ser, de sentir, de estar aqui despejando imperfeições e rasuras em papéis, pincéis, imagens e telas ocas. Já pensei em não correr mais riscos, em não mais escrever, amar e nem deixar esse peito pulsante e insistente se apaixonar pelas coisas.
Já tantas vezes me vesti do luto da desistência. E sangrei os cacos, os espinhos, os erros, os punhais que me feriram e que enfiaram em mim. Sim! Já pensei que fosse mesmo descartável. Porque um dia me fizeram sentir assim. Um desperdício, perdido num abismo escuro e silencioso, num precipício onde os gritos não conhecem os ecos e onde a queda nunca tem fim.
Ainda às vezes penso em desistir. Das horas, dos dias, das letras, dos sons... das frestas abertas e da minha pele sempre exposta, suscetível, vulnerável. Ainda me assombra a dor de querer ir, de querer desistir de tudo, da minha arte e de mim. Eu: esse desacerto cuspido no mundo na hora errada. Sempre despercebido. Desastradamente deslocado e incorreto. Um avesso.
Ainda me ameaça essa sombra sussurrando em meu ouvido.
Mas rebelde que sou, diariamente obrigo-me a amanhecer. Pra não me perder de vez de mim. E quando abro os olhos, percebo: a janela escancarada denuncia a vida ainda luzente, ainda aberta, latejante... ainda aqui em mim. Uma réstia de luz, tremula e tímida encontrando uma abertura, uma fenda em meu leito... Como uma chama persistente crepitando seu decreto: "Silêncio! Silêncio que o dia vai nascer!" Então conformo-me em continuar mais um pouco. - "Mais um, só mais um. Só mais esse." - eu penso. E obedeço ao instinto que me inunda. Sim, continuo...
E continuar é sempre essa frágil e delicada porcelana em minhas mãos.
Já pensei em desistir da coragem, da ousadia, das janelas abertas, do coração escancarado, dos espelhos intactos refletindo meus olhos.... dessa fragilidade que eu trago em mim, tão disfarçada de muralha, tão ilusória fortaleza. Sim. Já quis. Tanto tanto.
Já pensei em desaparecer, nunca mais ser vista, lida, ouvida. Tornar-me invisível. Tão invisível quanto me sinto tantas vezes. Evaporar, evanescer. Ah, como seria rápido. Ninguém notaria.
Sim. Já pensei em fechar todas as portas, asfixiar os desejos, trancafiar a intensidade e o erotismo do qual me acusam. Esse erotismo que tanto me alimenta mas confunde e mistura tudo aos olhos dos outros. Deixar de ser, de sentir, de estar aqui despejando imperfeições e rasuras em papéis, pincéis, imagens e telas ocas. Já pensei em não correr mais riscos, em não mais escrever, amar e nem deixar esse peito pulsante e insistente se apaixonar pelas coisas.
Já tantas vezes me vesti do luto da desistência. E sangrei os cacos, os espinhos, os erros, os punhais que me feriram e que enfiaram em mim. Sim! Já pensei que fosse mesmo descartável. Porque um dia me fizeram sentir assim. Um desperdício, perdido num abismo escuro e silencioso, num precipício onde os gritos não conhecem os ecos e onde a queda nunca tem fim.
Ainda às vezes penso em desistir. Das horas, dos dias, das letras, dos sons... das frestas abertas e da minha pele sempre exposta, suscetível, vulnerável. Ainda me assombra a dor de querer ir, de querer desistir de tudo, da minha arte e de mim. Eu: esse desacerto cuspido no mundo na hora errada. Sempre despercebido. Desastradamente deslocado e incorreto. Um avesso.
Ainda me ameaça essa sombra sussurrando em meu ouvido.
Mas rebelde que sou, diariamente obrigo-me a amanhecer. Pra não me perder de vez de mim. E quando abro os olhos, percebo: a janela escancarada denuncia a vida ainda luzente, ainda aberta, latejante... ainda aqui em mim. Uma réstia de luz, tremula e tímida encontrando uma abertura, uma fenda em meu leito... Como uma chama persistente crepitando seu decreto: "Silêncio! Silêncio que o dia vai nascer!" Então conformo-me em continuar mais um pouco. - "Mais um, só mais um. Só mais esse." - eu penso. E obedeço ao instinto que me inunda. Sim, continuo...
E continuar é sempre essa frágil e delicada porcelana em minhas mãos.
Por Van Luchiari ©

Perdão! by Van Luchiari
21 MIL RECADINHOS:
Adorei isso menina linda! :) Uma bela prosa!!!
Beijos!
Bonito...
como tudo
o que é frágil.
E vive.
assim cada
um de nós, não?
cada um a seu modo.
cada um como pode.
quando pode.
o quanto pode.
achando os limites...
e perdendo eles,
pq é nosso tb,
isso de perder ou desafiar os limites. de sofrer com nossa fragilidade, mas não ter vergonha dela. e então mostrar a quem ainda
puder olhar, perceber, apreender. de um jeito, vc aqui me ensina. me ensina à distância. e talvez tb
me apre(e)nda. pelo menos
eu tento. como posso. todas as noites. todo os dias, como tu.
bjs/abraços
sorte e muita vida
pra ti. em tudo.
C.
Não, não pare,
Solte o verbo, solte a língua...
Van, fui ler os marcadores e consta: DESABA_fos...
Não combina contigo desabar mas a beleza do texto, sem dúvida, és tu.
Beijos,
Mai.
Sensação de estar no lugar errado, com um monte de bosta! Pensa você! Cheia de verdades e sem saber lidar com elas!
Belo texto Van.
Todos nós já pensamos em desistir de alguma maneira... mas há sempre a mais mínima coisa que nos impede! *
TITA
Bela e triste, né amoreca? Acontece. ;) Beijucas
C.
Uma letra = Um mistério = Uma curiosidade (Minha) = Um comentário incrível (teu). Espero que da próxima vez (que tenham muitas próximas vezes) você deixe algum link ou rastro pra que eu te encontre e te aprenda.
Beijucas
RICK
Por ora, continuarei.... ;) Beijucas
MAI
Ah, querida. Desaguar acho que combina melhor. "Desaguafos". Invento palavras pra sobreviver. E me alimento das palavras bonitas e gentis que me deixam. As suas são fundamentais! Obrigada! Beijucas
RICARDO
Comoveu-me teu comentário. Deixou-me pensativa. Eu também não sei ainda como lidar com o que ele me causou. Mas foi forte. Beijucas
PAULO
Obrigada!
ANDREIA
E essa "mínima coisa" de repente torna-se GIGANTE!!!!!!! =) Obrigada pela visita, linda. Espero que voltes. Beijucas
Van..... adorei!!!!!!!!!!!
Vc escreve muito bem....
Add seu blog no meu.... não sei se vc já viu o meu....
Boa sexta feira!!!!!!!
o Amanhecer nos obriga a continuar...
JACKIE
Já vi sim, lindeza! Adorei. Tu tá aqui também. ;) Obrigada querida. Beijucas
Lindo amiga... a musica o que escreveste e só prova uma coisa tens ainda mto para nos dar com essas lindas mãos... continua assim a nos brindar com tuas escritas e fotografias.
Bjs em ti,
Nuno
Não desistas. É bom ser rebelde. Um beijo.
Todo dia é dia de se perder....
Voltar pra casa se encontrar, dormir, acordar e se perder de novo...
Adorei as palavras..
Beijos
Van, obrigado pela visita ao meu blog, dear.
O que está escrito em negrito, em seu Perdão!, já valeria a pena ler.
"Tanto que eu já quis desistir de mim.
Já pensei em desistir da coragem,
Sim. Já pensei em fechar todas as portas, asfixiar os desejos,
Sim! Já pensei que fosse mesmo descartável.
Eu:
Mas rebelde que sou, diariamente obrigo-me a amanhecer.
E continuar é sempre essa frágil e delicada porcelana em minhas mãos."
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Adorei ter visitado os seus pedacinhos, todos!
kisses
Hélio
Acho q seu texto esta mais para sentir doq dizer algo.
É pleno, intenso..me faz penetrar nele a tal ponto q me faltam palavras..é ótimo.
Besos
NUNO
Querido, digo o mesmo de ti. Idem, idem, idem. Bom me cercar de talentos assim como o teu. Obrigada. Beijucas
GRAÇA
Tentando, poeta querida. Tentando...
Beijucas
AUÍRI
Por falar em voltar, que bom que voltou querido. Estava com saudades! Some não. Beijucas
HÉLIO
De pedacinho em pedacinho, vai-se descobrindo tudo. Continue por perto, querido. Adorei. Obrigada. Beijucas
RAMIREZ
Mergulhe nessa intensidade. Essa que eu tento, tento, tento negar, mas não consigo. Sinta! Sinta tudo, querido! Tuas palavras e tua presença só me fazem bem. Beijucas meu talentoso amigo.
fases...como a lua
essa da falta de coragem deve ser a minguante...
mas quase sempre estou na cheia ou na crescente...cheia de vontade e força...
acontece de tropeçar e cair..só querer dormir, desistir, quebara, mas a gente levanta e vai..bj
Fiquei muito satisfeito por perder o seu blog, agradeço muito o momento que passei para ler o seu blog.
Um afetuoso abraço.
Bonita, tem prêmio pra ti no meu blog. Vc merece!
Bjo
oi Vah
E por aqui ainda encontro a intensidade com que tu escreves como sempre!
adoro teu blog!
beijocas,
flor
IAIÁ
Certíssima. Belo comentário, querida. Beijucas
NATURLINE
Obrigada, querido. Seja bem-vindo sempre! Beijucas
NINAH
Lindeza, que delíciaaaaaa! Vou lá correndo ver! Brigada, brigada, brigada! =))))) Beijucas
MARIA FLOR
Flor, querida... Obrigada, moça! =) Que bom saber disso. QUe bom um comentário seu por aqui. ;) Adorei. Beijucas
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